Li em diversos sites dias atrás a notícia de um jovem que foi preso nu a um poste no Rio de Janeiro. A história dele era triste. Proibido de voltar para sua casa por ter roubado uma furadeira na comunidade em que morava o jovem foi alvo de uma gangue de justiceiros enquanto perambulava pelas ruas da cidade.
Esta foi mais uma notícia triste de uma sociedade que pouco se preocupa com o futuro de seus jovens. Minha surpresa foi ter visto ontem uma nova notícia sobre este jovem, a de que ele, dias antes, havia juntamente com outros, espancado um outro adolescente em um abrigo. O motivo? Este jovem teria passado informações de uma milícia para a polícia.
Em uma semana algoz, noutra a caça. Irônico de fato mas a verdade é que a sociedade em que vivemos está desmoronando. O povo em geral, aqueles que trabalham e pagam impostos, diante de tanta falta do estado passou a fazer justiça com as próprias mãos. O rapaz citado foi atado a um poste por uma trava de bicicleta por um grupo que aparentemente o identificou como um dos assaltantes que assolavam a região. Chamaram a polícia? Não, claro que não. Pela lógica distorcida a qual somos obrigados a engolir o menor seria logo liberto ou encaminhado a uma instituição da qual ele fugiria ou novamente seria liberto.
O governo compeliu o cidadão comum ao estado de barbárie. Longe de ser uma situação regional, a violência se espalhou como um mal endêmico. Todas as cidades sofrem com roubos, tráfico, assassinatos. A população passou a fazer justiça com as próprias mãos.
A policia, desacreditada e desmotivada não vê o resultado de seu trabalho. Réu primário, com residência fixa e trabalho jamais fica preso. Reincidentes são presos mas por bom comportamento mal cumprem um terço da pena, isso quando não fogem nos diversos indultos que a lei permite. Novamente o governo estimula o crime ao não punir com rigor, a abrandar aquilo que deveria ser considerado hediondo e depois não sabe explicar o por quê do caos em que vivemos.
Justiça com as próprias mãos, ônibus e metrôs depredados, rolezinhos em shopping, facções criminosas se tornando um poder paralelo. Tudo isso é reflexo do desgoverno e da falta de cultura.
Por muito tempo fomos vistos mundo a fora como povo receptivo. Estamos as vésperas da copa do mundo e seremos vitrine de como um país pode se acabar quando aqueles que deveriam nos representar e cuidar de nossas necessidades nos viram as costas. Passaremos ainda mais vergonha.
Obras super faturadas, conchavos, conluios, jeitinhos e nada de infra estrutura, saúde, segurança e educação. São cabeças separadas de seus corpos em presídios enquanto a preocupação é o caviar e a lagosta do banquete.
São pessoas regozijando-se ao ver bandido morto ou humilhado preocupando-se pouco se isso é de fato justiça ou não.
Neste retalho de pais não existem mais cordeirinhos nem inocência, apenas lobos sedentos de sangue.
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