sábado, 25 de agosto de 2012

Sobre as pequenas coisas que não agradecemos por ter

Vinha da faculdade. Já era tarde da noite e pensei, por que não parar em um restaurante e comer alguma coisa? Não estava com fome mas ainda assim tive o impulso de sentar à mesa e degustar algo. Pedi um prato já com o receio de não aguentar comê-lo inteiro. Olhei para um lado e para outro e vi vários casais e algumas famílias com suas crianças correndo de um lado e para outro.
Uma garotinha de uns quatro ou cinco anos se aproximou de minha mesa e disse: meu nome é Júlia. Disse a ela, oi, tudo bem? e ela: tudo. Ela abriu a embalagem desses lanches infantis e puxou uma batata frita que rapidamente pôs na boca para reclamar depois: A batata tá salgada. A menina é uma graça mas não estendi a conversa com ela. Tive receio que seus pais na mesa ao lado pensassem algo ruim ao me ver papear com a criança. Parei de dar atenção a Júlia e fingi mexer no celular. Seus pais a chamaram e como esperado a reprenderam: Você fica falando com estranhos Júlia. Me olharam como se eu fosse um criminoso. Até aí tudo bem. Meu prato chegou e comecei a comer, ainda que sem fome.
Estava quase terminando quando um homem, que por sinal deveria aparentar ter a mesma idade que eu se aproximou de minha mesa e ficou me fitando por alguns instantes. Ele vestia bermuda e camiseta que estavam levemente sujas. As roupas não coincidiam com o leve frio que fazia lá fora. Ele se aproximou e pediu para que eu lhe pagasse um suco. Ele queria um suco de morango igual ao que eu tomava. Olhei para ele e vi um homem forte, mas de aparência simples. Poderia ter negado o seu pedido, poderia ter chamado os seguranças do restaurante ou simplesmente poderia ter fingido que ele nem estava ali, mas em uma fração de segundos me lembrei de que estava ali sentado comendo algo sem a mínima fome e sem nenhum motivo. Lembrei-me que estava sentado aquela mesa de certa forma ostentando porque podia.
Chamei um garçom e pedi para que o atendesse. Pedi a conta, paguei e ao sair o rapaz aguardava a preparação do suco. Ele olhou para mim e disse: O senhor te pague. Eu disse: Amém.
Entrei no meu carro e foi inevitável não pensar no quanto reclamo por não ter um carro melhor, uma casa maior e dinheiro sobrando em uma conta no banco. Existem pessoas por aí que gostariam apenas de tomar um suco, gostariam de ter algo para comer.
Esquecemo-nos de agradecermos a Deus por nos ter feitos ricos. Por nos proporcionar trabalho, estudo, casa, automóvel e uma refeição ainda que não tenhamos fome.
Esquecemo-nos de agradecer pelas coisas que temos e que aos nossos olhos parecem pequenas mas que poderia ser o sonho de outrem.
Portanto, peço desculpas Senhor por nem sempre agradecer-te e aproveito esta oportunidade que o Senhor me deste para dizer-te que sim, sou grato por tudo o que tenho.



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