Meu sogro infelizmente faleceu em Janeiro deste ano. Digo infelizmente porque de fato é uma pena ele ter morrido. Ele havia terminado a faculdade de direito com 53 anos de idade e estava cheio de planos. Ele era uma pessoa bem divertida e de tudo tirava um sarro.
Este texto começou com o relato deste fato porque precisava explicar-lhes de onde tirei a teoria que da nome a este post.
Meu finado sogro era muito esperto e vivia on-line. Tinha celular de última geração. Gostava de baixar MP3 e sempre se interessava por tudo o que era novo. Ele tinha Orkut e milhares de fotos e vídeos seus e da família. Há alguns dias minha namorada pegou o celular que pertencia a ele e me mostrou um vídeo recente em que ele dançava para entreter uma criança. Ri muito e por um instante até pensei que ele entraria pela porta naquele momento, mas ele jamais entrará de novo naquela casa...jamais.
Vejo minha sogra e minha namorada de vez em quando tristes. Geralmente depois de ver estes vídeos e fotos. A ordem natural das coisas até então era envelhecer e se acabar, inclusive as memórias. Entro na casa de minha sogra e vejo as paredes que ele pintou no ano passado. As cores ainda estão vivas, mas inevitavelmente, no futuro, elas precisaram de tinta novamente. O quintal da casa, sempre bem cuidado por ele, hoje está com o mato alto. As coisas com as quais ele se preocupava estão mudando devagar e um dia talvez não estejam da forma como ele deixou. Esta é a ordem natural das coisas?... aparentemente não de todas as coisas.
As fotos e vídeos estão lá no computador e no celular e o Orkut continua com todos os amigos. A lembrança poderá não se acabar nunca nesta nossa era digital... e o sofrimento também.
Chegamos de certa forma na imortalidade. O que antes resumia-se a uma foto em papel que o tempo e as traças roeriam hoje é o compendio de um indivíduo. É como se ele estivesse ali ainda, é como se eu olhasse para aquela porta no momento em que ele iria entrar... mas esta entrada não acontecerá... infelizmente, nunca mais.
Não se morre mais hoje em dia. É como se fôssemos até ali... é como se apenas disséssemos até logo para aquele ente querido e com as lembranças digitais aguardássemos sua entrada na porta de nossas vidas novamente.
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