sábado, 7 de maio de 2011

Todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros

O título do post foi retirado do livro A Revolução dos Bichos (Animal Farm no original) de George Orwell e é baseado nele que irei discorrer sobre algo que hoje tirou meu sono: Por que nossa sociedade é assim?
A pergunta pode parecer abrangente demais e de fato o é. Quando digo sociedade me refiro a brasileira, aquela do jeitinho, das leis dúbias, das autoridades e dos "dotô".
A constituição diz que somos todos iguais, mas os militares tem leis próprias. Somos todos iguais mas senadores, deputados, vereadores e políticos em geral têm foro privilegiado. Somos todos iguais, mas promotores que atropelam e matam, juízes que exigem que porteiros os chamem de doutor pois serem chamados de senhor é ofensivo jamais são condenados.
Todas as instâncias citadas são ineficientes, corruptas, clientelistas e elitistas. Somos uma nação onde todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros principalmente quando estes usam das instituições, que a priori, deveriam defender os mais fracos, para escravizá-los, puní-los e pô-los em seus devidos lugares, o de serventes.
A ironia de nossa sociedade é que o cidadão serve o estado e não o contrário. Pagamos muito e pagamos caro pelas migalhas que temos. O estado quer nos sorver, nos secar para que ainda assim dependamos mais dele e de seus programas assistencialistas. É como aquela mãe que apanha do marido, vê seus filhos serem espancados e não reage. Ele traz comida para casa.
Nossos pensadores digladiam-se sobre criações de partidos, estádios de futebol e formas de aumentar a arrecadação. Não pensam em momento algum uma maneira de melhorarmos nossa sociedade e por conseqüência o ser humano dentro de nós. Não se pensa em melhorar a educação, porque esta gera não apenas indivíduos cultos, mas críticos também. Não se pensa em melhorar processos pois estes carecem de burocracia e sem burocracia dificilmente haverá propina. Não se pensa em se repensar leis pois estas precisam ter dois sentidos e dar margem a apelações ad infinitum.
O estado é um negócio de família. Karl Max dizia que vivíamos em uma sociedade de classes. Eu digo que vivemos em uma sociedade de castas. Sem meios para ascendermos socialmente, mantemos o ciclo de nascermos e morrermos sem sairmos do lugar. Muito provavelmente o filho do juiz será juiz também. Muitos filhos de militares seguem a carreira dos pais e o mesmo acontece com os filhos dos político. O filho do pedreiro, pode no máximo chegar a mestre de obras.
Roma funcionava com pão e circo, nós com feijão, farinha e futebol. Temos nossa parcela de culpa também. Aqueles que mandam, mandam porque são obedecidos. Numa época de tantas revoluções continuamos estacionados. Como bem diz nosso hino nacional: "Deitados em berço esplêndido". Vozes ecoam aqui e ali mas ações inexistem. Nossa iniciativa trabalha apenas para nossos prazeres pequenos e mesquinhos: um ingresso para o jogo do time do coração; um som potente para um carro velho; um puxadinho maior do que o do vizinho; uma caixa de cerveja bem gelada. Nos contentamos com pouco e portanto, merecemos menos ainda.

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