Dada a minha situação atual resolvi procurar o significado da palavra dor e encontrei no dicionário Michaelis um que consegue descrever perfeitamente o que estou sentindo: "sensação desagradável ou penosa... grande sentimento pelas desgraças próprias ou alheias...".
O sentimento do amor é sempre exaltado em filmes livros e canções mas o da dor é posto de lado. Ninguém gosta de falar sobre isso e há aqueles que dizem que se ficarmos falando muito sobre ela, é aí que ela vem mesmo.
Existe a dor física e a dor da alma. A física nos afeta direta e intensamente. Nos aleija, nos faz incapazes de nos movimentarmos e realizarmos coisas. Para esta, em muitos casos a cura passa por um tratamento indicado por um médico e dentro de poucos dias, dependendo da enfermidade, se está curado. Mas a dor da alma, esta é complicada primeiro porque você precisa entender onde dói. Ao contrário da dor de cabeça que obviamente sabe-se que é a cabeça que dói, a dor da alma dói em silencio. Se for procurar um médico tem de ser um psicólogo ou um psiquiatra. Senta-se, conversa-se, dá-se exemplos, mostra-se soluções que sempre são: a resposta está dentro de você; só você pode se ajudar; isso é um processo chore bastante que passa e por aí vai.
A dor da alma de fato não dói, mas lhe tira o sono, a fome, a vontade de trabalhar de produzir e em casos extremos a de viver. Ouve-se aquela musica e não tem jeito, as lágrimas rolam por sobre o rosto. Causa medo de frequentar lugares que outrora trouxeram tanta felicidade e quanto mais se pensa em se reerguer aí é que ela te derruba.
Quanto aos amigos, estes, coitados, ficam divididos entre versões da mesma história. Tentam ajudar no princípio e depois se cansam e se irritam com tanta lamentação. Aliás, a lamentação junto com o choro são os sintomas clássicos da dor da alma.
Todos já sentiram esta dor, uns de uma maneira mais suave, outros mais intensa, mas verdade seja dita para aqueles que ainda não tiveram contato com ela: vocês com certeza sentirão. Sentirão por sermos seres ambíguos, lógicos porém passionais. A ambiguidade está nesta paixão que aflora o que há de melhor em nós e nos põe de joelhos quando lateja. Somos capazes de grandezas inimagináveis por amor e de besteiras homéricas também. A dor de amor geralmente é reflexo de um amor não correspondido ou de um amor que existiu mas acabou.
O amor é uma droga, vicia, sua vida depende daquela pessoa. O cheiro dela é o melhor do mundo, seus olhos os mais lindos. Um eu te amo que saia da sua boca vale mais do que tudo no mundo. Cria-se uma dependência tão grande de alguém que não necessariamente sente o mesmo ou ao menos não na mesma intensidade. Cria-se expectativas, sonhos e daí parte-se para o desejo de melhorar a pessoa amada. Esquecemos que o que enxergamos como sendo o melhor para ela não é ou talvez nem chegue perto de ser parecido com a visão de melhor que ela tem para si.
Então, aparecem as frustrações, as brigas, os desgastes, os ataques e as mágoas. Inevitavelmente aí estará surgindo aquela dorzinha, fraquinha, levezinha, quase nada mas que haverá de inflamar e se tornar um câncer.
Minha dor como a de muitos surgiu assim, e assim permanece doendo. Apertando meu peito extraindo o que há de melhor em mim e jogando ao léu. Não há mais aquele alguém especial para receber este amor.
O dor infeliz que não dói mas que está tentando me deixar frágil e que está obtendo um êxito fora do comum.
Falo demais sobre a dor porque quero que ela venha logo me enfrentar tão intensa e destruidora quanto possível. Cansei de me remediar com palavras e ombros amigos. Venha infeliz, devaste esta alma e vá embora. deixe cicatrizes, mas me deixe levantar novamente, mais forte e disposto a não enfrentá-la novamente...
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